11 de abr. de 2007

Detalhes tão pequenos que quase passam desapercebidos:


No metrô:
Dentro dos vagões, como sói, há um sistema de som que anuncia as próximas paradas. O detalhe é que aqui esse sistema é padronizado em todas as (segurem-se nas cadeiras) 12 linhas e no ramal que liga duas dessas linhas. Antes de o trem chegar a qualquer das 157 estações, uma voz de homem anuncia:
Próxima parada...
e uma suave voz feminina arremata:
Opera.
Novamente o nosso tenor:
Correspondencia con...
e ela:
Línea 2 y ramal Opera-Príncipe Pio.

Esse jograu é encantador.

Música:
Como se ouvir os anúncios das paradas já não fosse melodia suficiente para os ouvidos, há muita gente tocando de tudo nos corredores do metrô. Agora uma curiosidade: já ouvi o tico-tico no fubá tocado num telado e numa guitarra dentro desses túneis.
Quer mais? Já ouvi o tico-tico no fubá na minha rua, interpretado por um sanfoneiro cigano.

Ainda não é o bastante? Então preparem-se: hoje, chegando em casa, um velhinho está tocando a sanfona. A música me era familiar, mas eu não reconhecia... Era porque faltavam os aplausos do auditório "lá, lá, lá, lá - hey - lá, lá, lá, lá... Agora é hora de alegria vamos sorrir e cantar do mundo não se leva nada vamos sorrir e cantar
lá, lá, lá, lá... lá, lá, lá, lá".

Impressionante? Não, ainda não.

Higiene:
No mundo espanhol/europeu não existe tradução para a palavra rodo. O motivo é muito simples: não existe rodo! E como se lava uma cozinha, pergunta o leitor mais experimentado. Não se lava. A minha cozinha não tem ralo. O meu banheiro não tem ralo. Não tem rodo em casa. Que desespero! Em contrapartida os banheiros são mais cheirosos porque não há um cesto de papéis - tudo descarga abaixo.

Esninar português:
É divertidíssimo, acreditem! As pérolas que ouvimos são fabulosas. Exemplo:

- Queria fazer uma pregunta...
- Pergunta se diz em português.
- Ahhh... pergunta.
e, um minuto depois, o mesmo espanhol, orgulhoso de si, me diz o que faz na empresa:
- Sou porgamador.
- Programador.
- Mas não é pergunta?

Na outra aula, eles aprendendo os números. Cada um da roda de quatro dizia um número, de um a vinte, em sentido horário.
- ...
- Nove.
- Dez.
- Doze.

E eu intercedo:

- Faltou o onze!

Nada nesse mundo vai sem tréplica:

- Ué, a semana não começa na SEGUNDA-feira? Então!

No fundo eu me divirto muito. E o pior é que estou tomando carinho pelos alunos. Que merda! Eles sõ minha fonte de euros, não objetos da minha atenção!

Hoje fiquei uma hora depois da aula para a Francesa batendo papo com ela e a vizinha, outra francesa, que morou no Rio por muitos anos. Ela talvez me traga cigarros do Brasil quando voltar das férias dela de uma semana. E já me disse que vai dar umas dicas quentes do que fazer em Paris.

Cadê o distanciamento profissional, puta merda!

Blog: O Guarda Livros

4 comentários:

Anônimo disse...

Imagine... é um prazer e uma honra compartilhar essas histórias!

Anônimo disse...

Só uma coisa: seu blog se dedica a coletar histórias de ausências de ralos??? Isso é bárbaro!

Anônimo disse...

é Guilherme, tem doido prá tudo nessa net! rsrsrsrsrsrsrsr
eu quiz ser originallllllllllll

B. disse...

Português é uma língua difícil para os estrangeiros. Sou brasileira e mesmo entre o postuguês de Portugal e o do Brasil há muitas palavras e expressões com sentidos diferentes. Tinha uma amgolana na minha turma de pós e também era bem difícil às vezes entender o que ela falava.
Qto a se envolver com os alunos...bem, te rende bons posts! ;-)
Gostei daqui.
Beijos